Isabel Nogueira — Vida em Veneza

Veneza, noite de Setembro de 2021.

A pandemia abrandava, mas a cidade ainda mantinha um silêncio magnífico, apenas interrompido pela água a bater sincopadamente nos edifícios. Sentámo-nos a ouvir a água e a beber um "Bellini". De súbito, uma ratazana aparece, ergue-se na vertical e olha-me fixamente. Os olhos brilhavam. Depois, mergulha no canal, emergindo segundos depois do lado oposto. Lança-me então um último olhar e entra no palacete. Veneza é da esfera do intuitivo, não pertence ao domínio racional. Por isso as pessoas aqui não atinam com mapas.

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